Desafios do design de interação para contextos contra-hegemônicos: destacando e superando contradições para transformação social e responsividade.
Resumo
Em alguns contextos de ação, as diferenças entre quem concebe e quem usa um sistema interativo são evidentes, como contextos camponeses, quilombolas e indígenas, devido à distância nos lugares sociais de cada pólo, de desenvolvimento e uso. Essa distância, além de gerar problemas de interação na apropriação da tecnologia por parte dos usuários, acaba mantendo as condições de opressão nos produtos gerados, encapsulando significados hegemônicos nas interfaces, em uma relação de poder contínua entre tecnologia e sociedade, que encerram nossas vidas. Apoiado por uma abordagem histórico social e design participativo, este trabalho objetiva apresentar reflexões metodológicas que subsidiam ciclos de pesquisa-ação em contexto de educação rural, que apontam para a real necessidade de destacar as contradições no processo de design de interface que devem ser superadas, pois reforçam algumas formas de vida com padrões de normalidade, em detrimento de outros, pregam valores sem se abrir à crítica, e mantêm estigmas sobre o outro, o usuário. Em diálogo com o conceito de "responsividade" bakhtiniano, nos concentramos em alguns desafios na área de IHC, que pode favorecer a transformação social: abandonar neutralidades e posicionar-se, integrando a materialidade do mundo na produção de sistemas interativos, na interação de forças opostas; superar dicotomias na área para promover a transformação intersubjetiva em ambos os lados (desenvolvedor-usuário), trazendo a complexa realidade social em que estão localizados ao âmbito do desenvolvimento de sistemas interativos.