Astúcias Infantis Profanam o Currículo na/da Escola
Resumo
Este texto, oriundo de uma pesquisa de doutoramento em educação, intenta apresentar as profanações infantis entre o currículo instituído no espaçotempo da escola. A partir da epistemologia da filosofia da diferença, o presente estudo buscou responder a seguinte questão: como as crianças criam desvios e não se deixam capturar por discursos falogocêntricos que circulam no espaçotempo da escola? Esta produção anti-universalista, afirma-se enquanto movimento de desterritorialização de verdades sacralizadas que intentam determinar posições e posturas hegemônicas. A pesquisa teve como objetivo principal compreender como as crianças criam saberes/fazeres/sentires/dizeres entre a estrutura do currículo na/da escola. Para tanto, o caminho investigativo da pesquisa foi trilhado pelo método da Dramatização, proposto por Deleuze na obra A ilha deserta e outros textos (2006), o qual é um exercício do pensamento filosófico, tendo como procedimentos: a leitura, a compreensão, a análise e a produção do pensamento, o que foram explicitados no texto por meio da escritura infantil. Assim, foi possível compreender como a potencialidade crianceira atravessa o espaçotempo da escola, pois outras maneiras foram criadas e barreiras foram quebradas para mostrar que no currículo há a possibilidade da profanação.
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