Aproximações sobre o Projeto de Educação para Todos (EPT) e a Influência do Empresariado Brasileiro na Educação
Resumo
Entende-se que a educação brasileira hoje é parte de premissas, diretrizes e de um projeto desenhado pela classe dominante há algumas décadas. Parte-se da leitura de que a crise econômica iniciada nos anos de 1970, contribuiu para a classe dominante criar uma agenda global de realinhamento da educação ao imperialismo, que busca reforçar, naturalizar e contribuir para a expansão e fortalecimento da classe dominante. Nos anos 90, esta estratégia vai ganhar forma de um movimento global chamado Educação Para Todos (EPT) e será operada principalmente por meio de organismos multilaterais, conferências mundiais, Estados Nacionais e empresariado, com foco nos países subdesenvolvidos. A hipótese é a possível atuação conjunta da classe dominante internacional, agindo de forma articulada no setor educacional, buscando suprir a necessidade de produzir uma força de trabalho adaptada e flexível para realização dos lucros, e uma ferramenta ideológica que naturalize a sociedade de classes. O objetivo deste artigo é buscar entender introdutoriamente como esta estratégia de Educação Para Todos é construída, e como ela é operacionalizada, principalmente pelo empresariado, que no Brasil vai se reunir em torno do Movimento Todos Pela Educação (MTPE). O artigo parte da analise documental e bibliográfica para capturar os elementos norteadores, atrelando interesses materiais aos ideológicos, muitas vezes confundidos com interesses gerais da sociedade.
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