Gênero, Maternidade e Violência em "Quantos Filhos Natalina Teve?", de Conceição Evaristo

• Silvana Alves dos Santos UFMT
• Jozanes Assunção Nunes UFMT

Resumo

Este artigo tem por objetivo realizar uma breve análise, crítico-reflexiva da narrativa Quantos filhos Natalina teve? que compõe o livro de contos Olhos d'água (2016), da escritora Conceição Evaristo. Buscamos destacar, a partir da obra ficcional, como a escritora transpõe para a literatura diferentes contextos de violência a que está submetida sua protagonista, a exemplo a questão do abuso sexual, a maternidade indesejada, o aborto, as desigualdades e discriminações que acometem, em grande medida, as mulheres que habitam as periferias e as grandes favelas brasileiras. Será evidenciado ainda, a estratégia utilizada pela autora para delatar e contestar constructos sociais e percepções essencialistas em torno do corpo e da maternidade, que resultam em frentes violentas para as mulheres. O resultado do estudo revela que Conceição Evaristo difunde um posicionamento crítico e suas contribuições sociais são valorosas, posto que aborda e problematiza temas, que deixam, ainda mais evidente, os ranços patriarcais, a misoginia, o racismo e os preconceitos arraigados culturalmente. Ao espelhar essa realidade, a escritora ratifica que as mulheres, negras, continuam sendo reféns de uma sociedade que as desvalorizam e as sujeitam as piores condições de vida.

Palavras-chave: Conceição Evaristo, Literatura Afro-brasileira, Gênero, maternidade e violência

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