Cala a Boca já Morreu, Quem Manda na Minha Boca Sou Eu!
Resumo
A escola de Mato Grosso oportuniza muito pouco a fala do estudante negro no seu cotidiano, mesmo com a Lei 10.639/93, modificada em 2008, pela Lei 11.645, com a inclusão de povos indígenas. A hipótese levantada é se o jovem maior de 18 anos perceberia que a sua fala não é oportunizada na escola média. O objetivo é a análise de lembranças de estudantes negros do Ensino Média que residem em Cuiabá para flagrar na oralidade as marcas identitárias partindo da História de Vida de cada um – aproximadamente 15 alunos – dentro da metodologia de História Oral. As entrevistas foram transcritas e transformadas em texto. Entre os autores basilares, estão foram HALL (2006), GEERTZ (2008), FANON (2008) e BASTIDE (1974). Os resultados demonstram a carga da violência colonial nas experiências desses indivíduos e da estruturação de uma sociedade diaspórica e revelam a ligação indissociável da memória e da identidade com a mobilidade nas falas dos estudantes. Espera-se que essa pesquisa coloque em evidência o silêncio que os jovens apresentam quando precisam falar de si mesmos, contribua na redução de preconceitos e potencialize-os para uma fala que exija a criação de políticas públicas que facilitem a mobilidade e integração dos indivíduos brasileiros.
Referências
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