Benzedeiras e Benzedores Chiquitanas(os) na Escola: Tempos de Fissuras na Colonialidade do Saber

  • Elidiane Martins de Brito Silva Docente da rede estadual-Rondonópolis-MT
  • Edson Caetano UFMT

Resumo


O objetivo desse texto é apresentar uma experiência formativa realizada na Escola Estadual 13 de Maio, situada no espaço urbano de Porto Esperidião-MT, como instrumento pedagógico para fomentar novas formas de ensino, de aprendizado, de cuidado e de cura que se entrecruzam no ofício tradicional da benzeção Chiquitana. As análises realizadas partem das discussões coletivas realizadas no Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Educação (GEPTE-UFMT) e da proposta investigativa concluída em 2024 intitulada “Benzeção, saberes e re-existência do povo indígena Chiquitano no espaço urbano de Porto Esperidião (MT)”. Adotamos como metodologia a pesquisa participante (oficinas formativas) e o método materialismo histórico-dialético que nos permite compreender a realidade concreta a partir das experiências costumeiras das benzedeiras e dos benzedores Chiquitanas(as) no contexto urbano. Conclui-se que, é possível transpor os saberes indígenas Chiquitanos para dentro da escola no sentido de propor reflexões sobre outros modos autênticos de produzir pedagogias que fundamentam a episteme da sensibilidade/percepções sensoriais em contraste com as formas/conceitos prescritos pelo eurocentrismo.
Palavras-chave: Benzeção, Saberes Decoloniais, Povo Indígena Chiquitano

Referências

ALBUQUERQUE, Maria Betânia Barbosa. Religião, Cultura e Educação: modos outros de ensinar e aprender. In: MACHADO, Edina Fialho; SILVA, Cristiano Silva da; ALMEIDA, Fernando Octavio Barbosa de; FERREIRA, Diana Lemes (orgs.). Pedagogias e sujeitos em conexão. Curitiba: CRV, 2020. p. 23-44.

ARROYO, Miguel Gonzalez. Outros sujeitos, outras pedagogias. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2017.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2007.

BRITO, Flávia Lorena. A amorosidade essencial e o bem fazer: educação não escolar nas práticas de benzeção do quilombo de Mata Cavalo. 2022. Tese (doutorado em Educação) - Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2022.

BRITO SILVA, Elidiane Martins de. A benzeção Chiquitana: diálogos possíveis entre trabalho, saberes e práticas educativas. In: SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO, 31ª edição, 2023, Cuiabá. Anais do 31º Seminário de Educação (SemiEdu): a educação e seus atuais labirintos: qual educação? Com e para quem? Com qual escola? Cuiabá, Instituto de Educação, 2023. Disponível em: [link]. Acesso em: 18 set. 2024.

CAETANO, Edson. Considerações sobre o binômio trabalho e educação: um olhar pantaneiro. Revista Trabalho Necessário, Rio de Janeiro, ano 9, n. 13, edição especial, p. 1-17, 2011. Disponível em: [link]. Acesso em 20 set. 2024.

CAETANO, Edson; SILVA, Elidiane Martins de Brito; BRITO, Flávia Lorena. Curar, Aprender e Ensinar: A ancestralidade dos saberes da benzeção enquanto expressão de pedagogias decoloniais no Quilombo de Mata Cavalo. Revista de Educação Pública, [S. l.], v. 32, n. jan/dez, p. 613–637, 2023. Disponível em: [link]. Acesso em: 24 set. 2024.

CAMPELO, Maria Freire; LUZ, Hylton Sarcinelli. A racionalidade médica homeopática. In: MADEL, Therezinha Luz.; BARROS, Nelson Filice de. (Orgs.). Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas em Saúde Estudos teóricos e empíricos. Rio de Janeiro: UERJ/IMS/LAPPIS, 2012. p. 73-102.

CANDAU, Vera Maria. Diferenças, Educação Intercultural e Decolonialidade: temas insurgentes. Revista Espaço do Currículo (online), v.13, n. Especial, p. 678-686, dez., 2020. Disponível em: [link]. Acesso em: 20 set. 2024.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Cultura com aspas: e outros ensaios. Revista USP, São Paulo, n. 75, p. 76-84, 2009. Disponível em: [link]. Acesso em: 22 set. 2024.

COELHO, Edméia de Almeida Cardoso; FONSECA, Rosa Maria Godoy Serpa da. Pensando o cuidado na relação dialética entre sujeitos sociais. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 58, p. 214-217, 2005. Disponível em: [link]. Acesso em: 16 set. 2024.

FRIGOTTO, Gaudêncio. O enfoque da dialética materialista histórica na pesquisa educacional. In: FAZENDA, Ivani (Org.). Metodologia da pesquisa educacional. São Paulo: Cortez, 1989.

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã: crítica da mais recente filosofia alemã em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão. São Paulo: Boitempo: 2007.

MIGNOLO, Walter D. Colonialidade o lado mais escuro da modernidade. Tradução de Marco Oliveira. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 32, n. 94, junho, p. 1-18, 2017. Disponível em: [link]. Acesso em: 19 set. 2024.

OLIVEIRA, Elda Rizzo. O que é Benzeção. (Coleção Primeiros Passos). São Paulo: Brasiliense, 1985.

PALENZUELA, Pablo. Las culturas del trabaljo: Una Aproximación antropológica. Sociología del Trabajo, nueva época, n. 24, p. 3-28, 1995.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. Buenos Aires: CLACSO, 2005.

THOMPSON, Edward Palmer. A miséria da teoria: ou um planetário de erros. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

WALSH, Catherine. Notas pedagógicas desde las grietas decoloniales. Clivajes - Revista de Ciencias Sociales, Veracruz, México, año 2, n. 4, p. 1-11, jul./dic. 2015. Disponível em: [link]. Acesso em: 21 set. 2024.

WALSH, Catherine. Gritos, gretas e semeaduras de vida: Entreteceres do pedagógico e do colonial. In: SOUZA, Sueli Ribeiro Mota; SANTOS, Luciano Costa (Orgs.). Entre-linhas: educação, fenomenologia e insurgência popular. Salvador: EDUFBA, 2019, p. 93-120.
Publicado
11/11/2024
SILVA, Elidiane Martins de Brito; CAETANO, Edson. Benzedeiras e Benzedores Chiquitanas(os) na Escola: Tempos de Fissuras na Colonialidade do Saber. In: ANAIS PRINCIPAIS DO SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO (SEMIEDU), 32. , 2024, Cuiabá/MT. Anais [...]. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2024 . p. 1818-1827. ISSN 2447-8776. DOI: https://doi.org/10.5753/semiedu.2024.32841.