A sílaba e a composicionalidade em emakhuwa (P31): análise de empréstimos do português

  • Francelino Wilson Universidade Púnguè
  • Vasco Magona Universidade Eduardo Mondlane
  • Felermino Ali Universidade Lúrio

Resumo


O(s) modelo(s) silábico(s) do emakhuwa (P31) parece diferir(em) da língua portuguesa, embora tenham em comum a estrutura mais atestada nas línguas naturais, i.e., CV. Partindo desta premissa, mostra-se interessante proceder a análise contrastiva das duas línguas, tendo como escopo do estudo a sílaba, para entender a composicionalidade em emakhuwa. Da avaliação de estruturas pouco comuns na língua, essencialmente formadas por sequências consonantais e vocálicas, em empréstimos nominais do português, conclui-se que o emakhuwa pauta pelo modelo canónico da sílaba CV, embora em situações pontuais possam ocorrer na língua outros tipos de sílabas, a exemplo de V, N, VV e CVV. Entretanto, o formato CV(V)C ocorre apenas em alguns casos de estruturas emprestadas do português.

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Publicado
17/11/2024
WILSON, Francelino; MAGONA, Vasco; ALI, Felermino. A sílaba e a composicionalidade em emakhuwa (P31): análise de empréstimos do português. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA LINGUAGEM HUMANA (STIL), 15. , 2024, Belém/PA. Anais [...]. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2024 . p. 375-385. DOI: https://doi.org/10.5753/stil.2024.245397.